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Seguindo as pisadas do pai, Golgi estudou medicina na Universidade de Pavia, acabando o curso aos 22 anos. Juntamente com [[Giulio Bizzozero]], [[Enrico Sertoli]], [[Paolo Mantegazza]], sob orientação de [[Eusebio Oehl]], foram os primeiros em Pavia a estudar intensivamente a anatomia e histologia através do microscópio. Depois de se ter formado, em 1865, continuou a trabalhar em Pavia no Hospital de São Matteo em várias áreas. Mas foi quando se tornou assistente da clínica psiquiátrica dirigida por [[Cesare Lombroso]], ainda que por pouco tempo, que o interesse pela neurologia fortificou. Por esta altura, os investigadores estavam muito centrados no sistema nervoso – insanidade, demência, neurologia e drenagem linfática do cérebro.
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Seguindo as pisadas do pai, Golgi estudou medicina na Universidade de Pavia, acabando o curso aos 22 anos. Juntamente com [[Giulio Bizzozero]], [[Enrico Sertoli]], [[Paolo Mantegazza]], sob orientação de [[Eusebio Oehl]], foram os primeiros em Pavia a estudar intensivamente a anatomia e histologia através do microscópio. Depois de se ter formado, em 1865, continuou a trabalhar em Pavia no Hospital de São Matteo em várias áreas. Mas foi quando se tornou assistente da clínica psiquiátrica dirigida por [[Cesare Lombroso]], ainda que por pouco tempo, que o interesse pela neurologia fortificou. Por esta altura, os investigadores estavam muito centrados no sistema nervoso/neurologia – insanidade, demência e drenagem linfática do cérebro.
   
 
De acordo com as teorias positivistas científicas de então, Golgi, com a colaboração de Lombroso, começou a investigar a causa desses distúrbios mentais/neurológicos de um ponto de vista mais prático/experimental e anti-metafísico – ao contrário das teorias pelas quais a maioria dos cientistas seus contemporâneos se regia. Entretanto, com o tempo que lhe sobrava, Golgi levava a cabo experiências em microscopia histológica, no Instituto de Patologias Geral dirigido pelo seu antigo colega Giulio Bizzozero, o qual foi o responsável pelo despertar da paixão pela Histologia. Apesar de ser três anos mais novo que Golgi, Bizzozero tornou-se no seu mentor. Assim, sob a orientação de Bizzozero, Golgi começou a fazer as suas primeiras publicações entre 1868 e 1872, em que a mais importante se dedicava ao estudo das células gliais (demonstrando as interacções entre os seus prolongamentos e os vasos sanguíneos) com grande aceitação internacional da comunidade científica. Por esta altura, Golgi tinha construído uma reputação credível e sólida como médico e histopatologista, mas não o suficiente para lhe darem um posto na Universidade.
 
De acordo com as teorias positivistas científicas de então, Golgi, com a colaboração de Lombroso, começou a investigar a causa desses distúrbios mentais/neurológicos de um ponto de vista mais prático/experimental e anti-metafísico – ao contrário das teorias pelas quais a maioria dos cientistas seus contemporâneos se regia. Entretanto, com o tempo que lhe sobrava, Golgi levava a cabo experiências em microscopia histológica, no Instituto de Patologias Geral dirigido pelo seu antigo colega Giulio Bizzozero, o qual foi o responsável pelo despertar da paixão pela Histologia. Apesar de ser três anos mais novo que Golgi, Bizzozero tornou-se no seu mentor. Assim, sob a orientação de Bizzozero, Golgi começou a fazer as suas primeiras publicações entre 1868 e 1872, em que a mais importante se dedicava ao estudo das células gliais (demonstrando as interacções entre os seus prolongamentos e os vasos sanguíneos) com grande aceitação internacional da comunidade científica. Por esta altura, Golgi tinha construído uma reputação credível e sólida como médico e histopatologista, mas não o suficiente para lhe darem um posto na Universidade.

Edição das 00h45min de 1 de junho de 2009

Golgi, Bartolomeo Camillo, (N. Corteno, actual Corteno Golgi, Brescia, Itália, 1843; ob. Pavia, 1926). Medicina, Histologia, Anatomia. Importante investigador da histologia e anatomia do Sistema Nervoso. Prémio Nobel da Medicina/Fisiologia 1906. Opera Omnia 1903,1929


Golgi

Camillo Golgi, 1906

Vida

Bartolomeo Camillo Golgi nasceu em Corteno (actual Corteno Golgi), uma pequena aldeia da província de Brescia, em Itália, a 7 de Julho de 1843. Era o terceiro de quatro filhos. A sua família era de Pavia, mas foi em Corteno que o seu pai, Alessandro Golgi, exerceu a profissão de médico. Casou com Donna Lina Aletti, uma sobrinha de Bizzozero. Não tiveram filhos mas adoptaram a sobrinha de Camillo, Carolina Golgi. Viveu quase toda a sua vida em Pavia onde morreu, a 21 de Janeiro de 1926.

Obra

Seguindo as pisadas do pai, Golgi estudou medicina na Universidade de Pavia, acabando o curso aos 22 anos. Juntamente com Giulio Bizzozero, Enrico Sertoli, Paolo Mantegazza, sob orientação de Eusebio Oehl, foram os primeiros em Pavia a estudar intensivamente a anatomia e histologia através do microscópio. Depois de se ter formado, em 1865, continuou a trabalhar em Pavia no Hospital de São Matteo em várias áreas. Mas foi quando se tornou assistente da clínica psiquiátrica dirigida por Cesare Lombroso, ainda que por pouco tempo, que o interesse pela neurologia fortificou. Por esta altura, os investigadores estavam muito centrados no sistema nervoso/neurologia – insanidade, demência e drenagem linfática do cérebro.

De acordo com as teorias positivistas científicas de então, Golgi, com a colaboração de Lombroso, começou a investigar a causa desses distúrbios mentais/neurológicos de um ponto de vista mais prático/experimental e anti-metafísico – ao contrário das teorias pelas quais a maioria dos cientistas seus contemporâneos se regia. Entretanto, com o tempo que lhe sobrava, Golgi levava a cabo experiências em microscopia histológica, no Instituto de Patologias Geral dirigido pelo seu antigo colega Giulio Bizzozero, o qual foi o responsável pelo despertar da paixão pela Histologia. Apesar de ser três anos mais novo que Golgi, Bizzozero tornou-se no seu mentor. Assim, sob a orientação de Bizzozero, Golgi começou a fazer as suas primeiras publicações entre 1868 e 1872, em que a mais importante se dedicava ao estudo das células gliais (demonstrando as interacções entre os seus prolongamentos e os vasos sanguíneos) com grande aceitação internacional da comunidade científica. Por esta altura, Golgi tinha construído uma reputação credível e sólida como médico e histopatologista, mas não o suficiente para lhe darem um posto na Universidade.

Em 1872, pressionado pelo pai e por dificuldades financeiras, Golgi participou e ganhou um concurso para o cargo de Médico Chefe do Pio Luogo degli Incurabili, um hospital de doenças crónicas, em Abbiategrasso perto de Milão. Poder-se-ia pensar que num meio mais fechado como um hospital o ritmo das suas investigações abrandasse, contudo, apesar das dificuldades iniciais, Golgi montou um laboratório rudimentar composto por um microscópio e alguns utensílios de cozinha. Este esforço traduziu-se numa publicação antecedida por uma carta enviada ao seu amigo Nicolò Manfredi em Fevereiro de 1873, na qual demonstrava um grande entusiasmo pelas observações feitas através duma técnica por si inventada para corar a estrutura do estroma intersticial do córtex cerebral – técnica de Coloração ou Impregnação de Golgi, que ajudou imenso nas investigações neurológicas. Com esta nova técnica, Golgi descobriu as ramificações dos axónios e que as dendrites não estão fundidas numa rede. Para tal, fez reagir nitrato de prata com pedaços de cérebro tratados com dicromato de potássio, mas ao longo do tempo foi melhorando a técnica. Estudou também a estrutura do cerebelo – células de Golgi do córtex cerebelar –, os bulbos olfactórios, e a massa cinzenta.

As suas novas descobertas permitiram-lhe desenvolver uma teoria sobre organização geral do cérebro – Rede nervosa difusa – em que os axónios estavam conectados numa rede difusa através da qual os impulsos nervosos eram propagados. Ironicamente, esta teoria opunha-se à da Teoria neuronal de Santiago Ramón y Cajal, que foi desenvolvida graças à técnica de coloração de Golgi. Em 1875, Golgi voltou à Universidade de Pavia como professor de Histologia e em 1879 tornou-se regente da cadeira de Anatomia na Universidade de Siena. No ano seguinte, regressou de vez para Pavia, onde leccionou patologia como sucessor de Bizzozero e também histologia. Em 1878, descobriu dois tipos de cospúsculos sensoriais tendinosos: o órgão tendinoso de Golgi (proprioceptors) e os cospúsculos de Golgi-Mazzoni (transdutores de estímulos tácteis/pressão). Ainda no Hospital de São Matteo, entre 1885 e 1892, Golgi estudou as causas da malária, tendo descoberto as três formas do parasita e a relação com os três tipos de febre consequentes (Ciclo de Golgi e Lei de Golgi). Entretanto, ao nível renal, descobriu também a importante relação entre o polo vascular do Glomérulo de Malpighi e o tubo contornado distal na regulação da pressão sanguínea. Em 1897, com uma variante da sua técnica de coloração, identificou um “retículo” no citosol das células ganglionares da medula espinal, a que chamou aparelho reticular interno e mais recentemente Aparelho/complexo de Golgi.

Apesar de já ter uma idade avançada durante a I Guerra Mundial, assumiu o control do Hospital Militar de Borromeo em Pavia, onde criou um centro neuropatológico e mecano-terapêutico para o estudo e tratamento de lesões no Sistema Nervoso Periférico. Em 1918, Golgi reformou-se da Universidade de Pavia aos 75 anos, mas continuou a ensinar histologia como Professor Emeritus até ao início de 1920.

Distinções

  • Membro de várias academias e comunidades científicas internacionais
  • Fundador e director do Istituto Sieroterapico-Vaccinogeno, Pavia
  • Senador de Itália, 1900
  • Prémio Nobel da Medicina/Fisiologia, 1906 (juntamente com Santiago Ramón y Cajal)
  • Reitor da Universidade de Pavia até 1918
  • Director do Hospital Militar de Borromeo, I Guerra Mundial
  • O Museu de História da Universidade de Pavia dedicou uma ala a Golgi, onde estão mais de 80 certificados honorários, diplomas e prémios em exibição.
  • Professor emeritus de histologia da Universidade de Pavia (1918-1920)

Herança de Golgi

  • Técnica de coloração no sistema nervoso que permitiu perceber a organização estrutural do córtex cerebral e das células ganglionares e gliais.
  • Células de Golgi
  • Complexo de Golgi
  • Mecanismo de infecção pela malária
  • No seu laboratório, Carlo Martinotti identificou identificou as células do córtex cerebral; Aldo Perroncito descreveu as fases da regeneração nos nervos; Emilio Veratti observou o retículo sarcoplasmático; e Adelchi Negri descobriu umas inclusões intraneuronais (corpúsculos de Negri) em animais e humanos infectados com o vírus da raiva. O laboratório de Golgi acolhia muitos cientistas como Giovanni Battista Grassi, que descobriu anofeles (tipo de mosquito) transmissores da malária entre o Homem; Antonio Carini descobriu a Pneumocystis carinii; e Fritjof Nansen, um zoólogo norueguês e Prémio Nobel da Paz em 1922.

Publicações

  • Opera Omnia. Três primeiros volumes da compilação publicados por Hoepli Editore, Milão, 1903
  • Opera Omnia. Quarto volume editado por L. Sala, E. Veratti e G. Sala, 1929.

Bibliografia

Ligações externas