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Constantino leitura

Constantino, o Africano fazendo uma leitura em Salerno

Constantino, o Africano, conhecido como Mestre do Oriente e do Ocidente (N. Cartago, Norte de África, c. 1020; ob. Monte Cassino, Itália, 1087), foi um tradutor de textos médicos gregos e islâmicos e a primeira figura importante na transmissão da ciência greco-arábica para o Ocidente.


Vida

Nasceu em Cartago (c. 1020), Norte de África, regendo-se, na altura, pela lei árabe. Na sua juventude, desenvolveu línguas orientais, bem como a literatura árabe através das viagens que fez pelo Egipto, Síria, Índia e Bagdad como comerciante de drogas orientais com Salerno. Estes factos foram fundamentais para a sua habilitação na tradução de textos árabes. A nível de conhecimento médico, Ibn Masvia Al-Marandi e Ibn Sarabi foram os responsáveis por essa aquisição. Aí deixa o comércio das drogas orientais e passa a viver como médico, praticando uma medicina diferente da que era conhecida no Ocidente, fazendo uso de novos métodos de observação e medicamentos. A inveja dos restantes médicos fez com que fosse acusado de práticas mágicas, levando-o a fugir de Cartago e a aceitar a função de secretário do Imperador Constantino Monomachus, em Reggio, uma pequena cidade próxima a Bizâncio (cidade da Grécia Antiga). Numa visita à corte do Príncipe lombardo de Salerno no sul de Itália, soube por um médico que em Salerno não existia literatura médica em latim. Imediatamente regressou ao Norte de África onde permaneceu 3 anos a estudar e a recolher livros médicos, voltando a Salerno com uma série de textos médicos em árabe (alguns danificados na viagem por uma tempestade). Em apenas alguns anos, converteu-se ao cristianismo (c. 1047) e juntou-se à comunidade beneditina de Monte Cassino onde permaneceu até à sua morte (1087). Tornou-se amigo de Alfano, futuro Arcebispo de Salerno (1058) e, incentivado por este, traduziu cerca de três dezenas de livros árabes para latim, alguns terminados pelo seu discípulo Joanes Afflacius.

Traduções

Entre os textos traduzidos, está a tradução de duas teses sobre febre, urina e nutrição de Isaac Judaeus, o grande médico do Califado de Córdova. É de notar que Constantino permaneceu sempre no silêncio em relação às suas fontes islâmicas, possivelmente para evitar destabilizar as sensibilidades cristãs. Uma das traduções mais importantes de Constantino, é Pantechne - uma versão abreviada do livro Kitāb al-malikī escrito por um médico persa do séc. X – que foi o primeiro livro disponível aos salernitanos que forneceu a estrutura para reunir todo o conhecimento prático e unificá-lo. As suas traduções tiveram um considerável efeito no séc. XII na Europa, nomeadamente pela colecção Ars medicine ou Articella, que serviu de base à maior parte dos médicos europeus até ao Renascimento. Em meados do séc. XII, a comunidade Constantina centralizou-se na educação Salernitana. Assim, não só conseguiu aumentar as competências práticas dos médicos de Salerno como os estimulou a organizarem o novo material numa estrutura filosófica mais ampla. Constantino insistiu repetidamente que a medicina deveria ser tratada como um constituinte fundamental da filosofia natural.

Bibliografia

  • Gillispie, Charles Coulston, Dictionary of Scientific Biography, 18 vols, New York: Scribner/American Council of Learned Societies, 3º vol, 1970-1990
  • A. S. Lyons and R. J. Petrucelli, Medicine: An Illustrated History, New York: Abradale Press, 1978/1987, pg. 319
  • Dias, José Pedro Sousa, A Farmácia e a História - Uma introdução à história da Farmácia, da farmacologia e da Terapêutica, Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, 2005
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