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A febre tifóide é uma infecção causada pelo bacilo Salmonella typhi.
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Os bacilos tíficos encontram-se nas fezes e na urina das pessoas infectadas. As moscas podem transmitir as bactérias directamente desde as fezes até aos alimentos.
 
Os bacilos tíficos encontram-se nas fezes e na urina das pessoas infectadas. As moscas podem transmitir as bactérias directamente desde as fezes até aos alimentos.
 
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Edição atual tal como às 09h33min de 1 de junho de 2009

Salmonella-typhi

Salmonella typhi

A febre tifóide é uma infecção causada pelo bacilo Salmonella typhi. Os bacilos tíficos encontram-se nas fezes e na urina das pessoas infectadas. As moscas podem transmitir as bactérias directamente desde as fezes até aos alimentos. As bactérias entram no tracto intestinal e chegam à corrente sanguínea, posteriormente verifica-se uma inflamação nos intestinos delgado e grosso podendo complicar-se até a úlceras sangrando no tecido afectado, o qual pode perfurar, podendo levar à morte.

Sintomas e Diagnóstico

Os sintomas começam entre 8 e 14 dias após a infecção. Entre esses encontram-se a febre, dor de cabeça, dor articular e de garganta, prisão de ventre, perda de apetite, dores e outras queixas abdominais. Também se podem verificar, com menos frequência, dor durante a micção, tosse e hemorragias nasais. Se não for iniciado um tratamento, a temperatura corporal sobe lentamente durante 2 ou 3 dias, mantém-se a 39,5ºC – 40ºC durante 10 a 14 dias, começa a descer gradualmente no final da terceira semana e atinge níveis normais à volta da quarta semana. Esta febre mantida, costuma ser acompanhada por uma frequência cardíaca lenta e um cansaço extremo. Nos casos graves pode verificar-se delírio, paralisia e coma. Em cerca de 10% dos doentes aparecem grupos de pequenos pontos rosados no peito e no abdómen durante a segunda semana de doença, que duram de 2 a 5 dias. Por vezes a infecção causa sintomas semelhantes aos da pneumonia ou então apenas febre, ou somente sintomas idênticos aos de uma infecção das vias urinárias. O diagnóstico deve ser confirmado através da cultura de sangue, da urina, das fezes ou de outros tecidos do corpo a fim de identificar o crescimento de bactérias.

Prevenção e tratamento

A protecção contra a febre tifóide é conseguida, cerca de 70%, através da vacina oral. Essa só é aplicada a pessoas que tenham estado expostas ao microrganismo e às que correm um grande risco de exposição, incluindo os técnicos de laboratórios e os indivíduos que viajam para locais que a doença é frequente. Recorre-se a um tratamento de antibiótico rápido para a cura dos casos de febre tifóide, cerca 99% são sucessos. O cloranfenicol é usado em todo o mundo, mas como a resistência ao mesmo é cada vez mais tem-se começado a utilizar outros medicamentos. Se o doente está a delirar, em coma ou em choque administrasse corticosteróides para reduzir o edema cerebral. É necessário que a pessoa se alimente com frequência devido às hemorragias intestinais ou outras alterações do tubo digestivo. Em certos casos deve administrar-se alimentação por via endovenosa até que os alimentos possam ser digeridos. Os doentes com perturbações intestinais necessitam de antibióticos que eliminem um amplo espectro de bactérias (porque entram muitas variedades diferentes de bactérias na cavidade peritoneal) e deverão porventura ser submetidos a cirurgia para recuperar ou eliminar a secção do intestino que se tenha perturbado. As recaídas são tratadas da mesma forma que a doença inicial, mas, em geral, os antibióticos só são necessários durante 5 dias. Os portadores (pessoas que não têm sintomas, mas albergam bactérias na sua matéria fecal) devem comunicá-lo ao departamento de saúde da sua comunidade e são proibidos de trabalhar com alimentos. As bactérias podem ser completamente erradicadas em muitos dos portadores após 4 a 6 semanas com tratamento com antibióticos.

Marcos históricos

O primeiro relato de epidemia de uma doença semelhante à febre-amarela é de um manuscrito maia de 1648 em Yucatan, México. Na Europa, a doença já havia se manifestado antes dos anos 1700, mas foi em 1730, na Península Ibérica, que se deu a primeira epidemia, causando a morte de 2.200 pessoas. Nos séculos XVIII e XIX os Estados Unidos foram acometidos repetidas vezes por epidemias devastadoras, para onde a doença era levada através de navios procedentes das índias Ocidentais e do Caribe. Por muito tempo a febre tifóide permaneceu indiferenciada no âmbito de um conjunto heterogéneo de afecções sépticas, febres e doenças associadas ao nome genérico “tifo”. Começou a ganhar contornos mais definidos na primeira metade do século XIX, graças a estudos clínicos e anatomopatológicos de médicos franceses como Pierre Charles Louis (1787-1872), Armand Trousseau (1801-1867) e, especialmente, Pierre-Fidèle Bretonneau (1778-1862). O inglês William Budd (1811-1880) foi o primeiro a correlacionar a febre tifóide a um “vírus” vivo – expressão que na época significava “veneno” vivo – transmitido por contágio mediato ou imediato. Em 1880, o patologista Carl Joseph Eberth (1835-1926) descreveu um microrganismo – o “bacilo de Eberth”, depois chamado Salmonella typhi –encontrado nos gânglios mesentéricos e no baço dos cadáveres que autopsiou. A descoberta foi confirmada por Koch, que apresentou descrição mais precisa do bacilo encontrado em cortes da parede intestinal, do baço, fígado e rim. Em 1884, Georg Gaffky (1850-1918), assistente e sucessor de Koch, conseguiu isolar o bacilo e dele obter culturas puras. O bacteriologista francês Fernand Widal (1862-1929) estabeleceu a identidade do bacilo de Eberth, realizou a primeira vacinação antitifóide, e, em 1896, divulgou sua principal descoberta, o sorodiagnóstico da febre tifóide.

Bibliografia

  • Kiple, K. F. (1993). The Cambridge World History of Human Disease. Cambridge University Press, Cambridge

Ligações externas