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Louis-Bernard Guyton de Morveau magistrado francês, aeronáutico e químico (N.4 de Janeiro de 1737, Dijon[1] - ob. Paris, 2 Janeiro de 1816), realizou importantes estudos sobre a variação do peso dos metais, sendo também o autor de notáveis contribuições para a teoria das afinidades químicas e de uma interpretação original de processos químicos que se reflecte na sua obra.


Vida Pessoal

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Louis Bernard Guyton-Morveau, Physionotrace gravado por Quenedey, rue Croix des Petits Champs, no. 10,à Paris

Guyton de Morveau filho do advogado Antoine Guyton e de Marguerite Desaulle, foi educado em Dijon no colégio jesuíta de Godran College e frequentou a faculdade de direito de Dijon de 1756 a 1762, tendo exercido advogacia aí. Dijon era a capital da província francesa de Burgundy e local de um dos parlements provinciais ou também chamado Royal Court que possuía funções políticas e judiciais.

Em 1762 entrou para o parlamento como avocat-général du roi, mais tarde adicionou "de Morveau" ao seu nome como designação da propriedade da família e até 1789 foi-lhe atribuído diversas vezes o nome de "Monsier de Morveau". Durante o período da Revolução Francesa tornou-se Guyton-Morveau e depois, novamente, só Guyton, sendo que acabou por ficar com a designação de Guyton-Morveau.

Casou-se com a Madame Picadert no ano de 1798 após a morte do seu primeiro marido, no entanto consta que o casal nunca teve filhos.


Vida Académica e Profissional

A supressão dos Jesuítas em França, por volta de 1763, resultou no fecho de muitas escolas, levando ao aparecimento de várias reformas educacionais incluindo Mémoire sur l'éducation publique de Guyton (1764) que revolucionou o panorama até então. Depois de um estudo exaustivo de diversos autores modernos e clássicos, sugeriu a inclusão da matemática, história natural, física ou química nos últimos dois anos de escolaridade.

Anonimamente foram publicadas peças de literatura que, mais tarde, foram reconhecidas pela Académie des Sciences, Arts et Belles-Lettres de Dijon como sendo da autoria de Guyton, elegendo-o elemento honorário a 20 de Janeiro de 1764. A partir dessa data foi surgindo um pequeno número de contribuições literárias mas o seu interesse pela química prevaleceu. No ano de 1768 instalou um laboratório na sua casa, dedicando-se ao estudo de obras de nomes como Baumé e Macquer.

Após a morte de outro membro da Academia, J.P. Chardenan, cujos trabalhos de investigação incidiam sobre a combustão e a calcinação, Guyton-Morveau continuo o seu legado. Os resultados foram publicados em Dissertation sur le phlogistique, o primeiro ensaio do volume intitulado Digressions académiques (1772). O volume pretendia a explicação da razão pela qual os metais ganham peso durante a calcinação, contendo ainda uma discussão baseada na afinidade química. Relativamente ao segundo tópico, Guyton elaborou uma teoria, anteriormente proposta por Buffon, em que as partículas da matéria são atraídas por uma força obedecendo às leis de Isaac Newton.

No ano de 1772 Guyton tornou-se vice-chancellar da Academia de Dijon e foi eleito correspondente da Académie des Sciences[2] em Paris. Durante a sua visita à cidade foi-lhe introduzida a química pneumática de Antoine-Laurent Lavoisier e logo ficou convertido à teoria antiflogísta onde defendeu que uma porção de ar era absorvida durante a combustão e a calcinação. A teoria foi introduzida ao público na publicação de Élements de chymie (3 vols., 1777-1778). Guyton tornou-se o crítico líder da nomenclatura química da época, estudando minuciosamente o nome de cada substância com a sua constituição, contribuindo para Encyclopédie Méthodique[3] na secção química (Vol. I, 1786).

Desde o início da sua carreira científica que estava interessado no campo da metalurgia e mineralogia. Guyton, sempre ligado à importância das aplicações da ciência, pretendeu que o laboratório da Academia de Dijon fosse para o benefício público.

Durante os sete meses da sua estadia na cidade de Paris encontrou-se com Lavoisier, colaborando com este primeiro, Claude-Louis Berthollet e ainda Antoine François de Fourcroy no desenvolvimento do primeiro sistema de nomenclatura química, cujas directrizes continuam a ser válidas dois séculos depois.A 2 de Maio de e 1787, apresentou o seu trabalho à Académie des Sciences, onde é utilizado o termo hidrogénio pela primeira vez e, no mesmo ano, concluiu Méthode de nomenclature chimique[4] . Destaca-se, ainda, a sua participação na fundação da primeira revista científica especializada, denominada Annales de Chimie[5] (1789), mas o seu trabalho científico foi interrompido pela Revolução Francesa.

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N°. 6 – primeiro ensaio da direcção dos balões, Guyton de Morveau (1784)

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A Revolução Francesa

Durante a Revolução Francesa [6] desempenhou diferentes cargos como procureur général syndic da Côte d'Or [7] em 1789, um dos novos "departamentos" em que Burgundy foi dividido, foi membro da Assembleia Legislativa em 1792, entrando igualmente para a Convenção Nacional e integrando o Comité Salvação Nacional no ano de 1793. Pertencia à maioria que votou para a execução de Lois XVI[8], em Janeiro de 1793.

Em Novembro e Dezembro de 1783 os voos de J.F. Pilatre de Rozier e J.A.C.Charles atraíram a sua atenção e a Academia de Dijon decidiu fazer o seu próprio balão com o objectivo de ser cheio de gás inflamável. Guyton veio, posteriormente, a testar outros gases como o Zinco e o ácido sulfúrico e realizou, ainda, dois voos com Claude Bertrand, um astrónomo. Participou na criação de um corpo de balões de observação do exercício em causa, criando a primeira força aérea (Compagnir d'Aérostiers), presenciando a vitória francesa sobre os austríacos na batalha de Fleurus (Bélgica) a 26 de Junho de 1794, chegou a fazer parte da tripulação, voando num balão.

Foi um dos membros fundadores do Institut de France [9], presidindo à classe de ciências matemáticas e físicas (1807), assim como participou na fundação da École Polytechnique e da École de Marte. Leccionou mineralogia na Polytechnique e foi seu director duas vezes (1798-1799/ 1800-1804). Destacou-se como membro da classe da Académie des Sciences em Química, a 20 de Novembro de 1795 e, mais tarde, foi eleito vice-presidente da classe (1806) e presidente (1807). Sob o Diretório, participou no Council of Five Hundred a partir de 1797, eleito de Ille-et-Vilaine, e foi administrador do Tesouro do Consulado em 1799.

Sabe-se que realizou a primeira liquefacção do gás amónia, por acção do congelamento de uma mistura de gelo e cloreto de cálcio. Desempenhou um grande papel nesta área, uma vez que contribuiu para a fundação de La Société des Mines et Verreries em Saint-Bérain-sur-Dheune. Descobriu um novo método de desinfecção do ar pelo ácido muriático oxigenado (ácido clorídrico),utilizado durante as guerras da Revolução para combater epidemias como o caso da febre amarela. Guyton de Morveau foi eleito barão do Primeiro Império Francês em 1811, morrendo, em Paris, após cinco anos.


Principais Publicações e Contribuições

  • Mémoire sur l'éducation publique(1764)
  • Digressions académiques (1772)
  • Discours publics et éloges (3 vols., 1775-1782)
  • Élements de chymie (3 vols., 1777-1778)
  • Description de l'aérostate (1784)
  • Encyclopédie Méthodique(Vol. I, 1786)
  • Méthode de nomenclature chimique(1787)
  • Annales de Chimie (1789)

Bibliografia

  • Crosland,M. , (1971). The Science of Matter: a Historical Survey, Harmondsworth, UK: Penguin
  • Gillispie, C. (1970). Dictionary of Scientific Biography. Charles Scribner's sons, New York. Vol 5

Ligações Externas

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