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Plinio

Plínio o Velho

(ESBOÇO)

Gaius Plinius Secundus (N. Como, Itália, 23 d.c.; ob. perto de Pompeia, Itália, 25 de Agosto de 79 d.c.), mais conhecido como Plínio o Velho, foi um autor, naturalista e comandante do exército no Império Romano.


Vida

Embora não haja registo de que os seus pais tenham sido figuras de grande destaque, o pai de Plínio certamente tinha posses e era um membro respeitado da sociedade, fazendo parte da segunda grande ordem aristocrática romana - a ordem equestre (ordo equester). Aos 12 anos passou a viver em Roma, onde foi educado na arte da oratória, estudou literatura, direito e teve também treino militar. Não existem provas de que se tenha casado; no entanto, adoptou como seu filho e herdeiro o seu sobrinho Plínio o Jovem, filho da sua irmã.

Nunca chegou a Senador - os cargos mais elevados foram conseguidos apenas pelo seu herdeiro. No entanto, graças à posição do seu pai e também à sua própria educação, aos 23 anos já tinha começado uma carreira de oficial. As fases iniciais desta passavam obrigatoriamente pelo exército. Foi enquanto comandante de um esquadrão de cavalaria na fronteira do Reno que Plínio começou a sua carreira de escritor. A sua primeira obra foi uma monografia sobre a utilização de lanças pela cavalaria e a este trabalho seguiu-se rapidamente outro sobre a história das expedições romanas na Alemanha, e ainda uma biografia de Pomponius Secundus, seu superior no exército e posteriormente seu grande amigo. Pomponius era poeta e dramaturgo, assim como administrador e general. Esta multiplicidade de actividades pode ter influenciado Plínio e conduzido à sua própria versatilidade.

Por volta do ano de 58 d.c. Plínio já tinha terminado os seus deveres militares e regressou a Itália. Aqui, durante os 10 anos seguintes, escreveu trabalhos sobre oratória e gramática e terá provavelmente exercido também funções como advogado. Uma razão para esta mudança de actividade poderá ter sido a falta de apoio de Nero, ou então o desagrado com as acções do seu regime. Quando Vespasiano se tornou imperador em 69 d.c., Plínio pode voltar à sua carreira de oficial. O facto de ter, provavelmente, servido no exército com Tito (filho do imperador), poderá tê-lo ajudado a conquistar uma série de nomeações para supervisor financeiro de uma província – posição que terá desempenhado com a maior integridade. No entanto, estes deveres não impediram as suas actividades literárias; pelo contrário, levaram-no a esforços quase febris. Nesta altura Plínio estava a trabalhar numa obra sobre o período compreendido entre 44 a 71 d.c. Este trabalho foi depois publicado postumamente.

Numa fase mais avançada da sua vida, Plínio tornou-se num conselheiro reconhecido de Vespasiano e depois de Tito. O seu último cargo oficial foi ser comandante de uma frota com base em Miseno, na extremidade noroeste da Baía de Nápoles. Foi a partir desta cidade que começou a viagem que o levou à morte, tendo sido tomado pelos fumos provenientes da erupção do Vesúvio, perto de Pompeia.


Obra

Plínio mostrava claramente um grande interesse em História: muitas das suas obras relatavam acontecimentos e descreviam figuras do passado. Mas não era só o seu interesse em História que estava reflectido no seu trabalho. A oratória também está presente, principalmente nas numerosas denúncias de ganância, extravagância, decadência moral e ainda em panegíricos da Natureza, do Império Romano, de Itália e de homens do estado como Tito, Pompeu e Cícero.

A sua grande obra foi Naturalis Historia, um trabalho de 37 volumes dedicado a Tito (em 77 d.c.), mas cuja redacção final foi feita por Plínio o Jovem, já após a morte do seu tio. Esta foi a única obra da sua autoria que chegou até aos tempos de hoje. A curiosidade infindável de Plínio, o seu desejo de ser útil e a necessidade de produzir registos duradouros da Ciência do passado foram os principais motivos que o levaram a escrever esta obra.

No prefácio de Naturalis Historia, Plínio afirma – com razão – que a sua iniciativa era completamente nova. Existiam outras enciclopédias – das artes liberais, por exemplo – mas nenhum grego sozinho tinha compilado uma enciclopédia sobre toda a Natureza e nenhum romano o tinha feito - com ou sem ajuda (prefácio, sec. 14). O prefácio dirigido a Tito foi seguido de uma novidade: o primeiro volume da obra consistia num índice de tópicos e autoridades para cada um dos 36 volumes seguintes.

A estrutura da enciclopédia em si é convencional: começa com o mundo, passando depois para a Terra e os seus produtos – animais, vegetais e minerais.

  • I: Prefácio
  • II: Universo, Terra e Fenómenos Terrestres
  • III a VI: Geografia
  • VII: Homem
  • VIII a XI: Outros Animais
  • XII a XIX: Botânica
  • XX a XXVII: Matéria Médica de Fontes Botânicas
  • XXVIII a XXXII: Matéria Médica de Fontes Animais
  • XXXIII a XXXVII: Metais e Rochas, incluindo também a sua utilização na Medicina, Arquitectura e especialmente na Arte

O 2º volume acaba por ser o mais teórico da enciclopédia, e nele Plínio adopta doutrinas estóicas derivadas directa ou indirectamente de Posidonius, um filósofo célebre com interesses científicos.

Mesmo sendo uma obra tão abrangente – o que interferiu de alguma forma com os objectivos práticos do trabalho - Naturalis Historia acabou por influenciar grandemente os séculos seguintes (principalmente na área da medicina e da geografia). Os problemas que Plínio tinha em citar as suas fontes e o seu estilo excêntrico acabaram por torná-lo menos popular com os estudiosos do presente, pois embora grande parte de Naturalis Historia sejam factos, tanto o estilo como as observações presentes no livro revelam a personalidade do seu autor.

Apesar disto, a sua contribuição para a História da Arte é imensa: muitas das suas dissertações sobre pintura, esculturas em bronze e em mármore forneceram alguns dos relatos mais antigos desta área e constituem virtualmente a única fonte de informação clássica existente deste tema. Historiadores da Ciência consideram que muitas vezes as suas descrições tornam a identificação de espécies difícil, mas admitem que ele foi indispensável: mesmo quando está errado, as suas ideias podem ajudar a obter novas perspectivas. Como uma fonte de informação, tanto científica como não-científica, Plínio tem um lugar de extrema importância na difusão da cultura do Oeste.


Principais Publicações

Naturalis Historia

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